- À vontade.
E ela pôs a bandeja com prato e coca-cola na mesa, puxou uma cadeira e ficou almoçando. Ele nem gostava de aglomerações mesmo, e era capaz de criticar toda a sociedade capital-consumista em questão de segundos, mas não vinha ao caso.
Largou os coquetéis molotov por alguns instantes.
- Na verdade, eu tô esperando alguém, mas acho que não chega mais.
Pronto, agora era com ela. Que conversasse, comesse e fosse embora, ou combinasse um gesto solene de boca com um levantamento de sobrancelha, mas ela só comeu.
Do fundo da cadeira, ele olhou, olhou rápido pra outro canto, achou que tinha virado rápido demais, parecendo tenso, e passou a transbordar autoconfiança. 4 ou 5 segundos mirando um ponto, uma piscada ralentada, e foco em outro objeto. Perfeito.
Reparou que, terminado o almoço, ela agora despejava coca no copo, cuidando pra banhar as pedras de gelo. Boa estratégia, gelava a bebida mais rápido, mas por outro lado deixava mais diluída, e ele não... ih, ela pegou o olhar fixo no copo. Tinha perdido a contagem dos segundos. O olho piscou desesperadamente 3 ou 4, ou 8 vezes e fugiu pros sapatos de uma senhora na mesa ao lado. Um cisco, que coisa. Enfiou polegar e indicador nos olhos, mas não por muito tempo, ela podia pensar que era remela.