Monday, May 07, 2007

Vivendo e...

Situação-gatilho:

Eu e dois amigos, uma quadra de basquete, uns arremessos enquanto não chegava um quarto elemento pra formarmos duas duplas e começarmos a pelada. Tinha conversa também.

1.: Quer dizer que você também entrou na onda da pedofilia?
2.: Eu, por quê?
1.: Ouvi dizer que andou pegando uma menininha de 16!
E.: *arremessando*
2.: Ah, rapaz, é diferente. Peguei uma mulher de 16 anos. O povo lá do interior é assim. Ela já fugiu com homem casado, ficou entocada lá com ele durante um tempão, e já fez mais sexo na vida do que nós três juntos! Já viveu foi muito, tá por fora...
1.: Ah, só...
E.: *arremessando*

Tá bom, a pergunta inevitável é: como assim, viveu? Quem foi que viveu mais, Kant ou uma prostituta da 315? Me parece que, não fosse o primeiro tão religioso, um encontro entre os dois resultaria na mais culta noite de sexo selvagem já registrada.

E não é isso o melhor que pode sair de um encontro? ao levarmos esbarrões mundo afora, carregamos as outras pessoas conosco, tornando-as vivas só então.

Nesse sentido, viveu mais quem foi lembrado por mais gente? Digam a Zanir, o mendigo de estimação da minha cidadezinha - Icó-CE - que ele, ex-estudante de medicina, fluente em cinco línguas, uma das mentes mais promissoras até ter sido abandonado pela noiva no altar e "perdido a cabeça"...enfim, digam, digam que ele não viveu porque a cidadezinha não pára de crescer e é provável que sua história se desvie dos ouvidos da próxima geração!

A sensação que fica, agora, é a de que os Grandes, eles sim, viveram... mas e quanto à pulsão sexual não-realizada de Fernando Pessoa e tantos outros? Perguntemos nas ruas quanto de suas vidas o tal Povo está disposto a rifar para poder ganhar um lugar ao sol.

Talvez eles não tenham vivido, mas vivem hoje em dia. E aí, alguém se habilita? ninguém...?

Conclusão-degrau: o que mata mesmo é a rotina.

Trilha: "Hey Man (Now you're really living) - Eels"

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